Em cemitério eu só ia dia de finados ou se era enterro de alguém bastante próximo… mas em Buenos Aires foi diferente, fomos passear no cemitério. O Cemitério da Recoleta é uma atração turística. Super bem estruturado turisticamente falando, o cemitério fica como se fosse um parque, onde as famílias passeiam com carrinhos de bebê, guias turísticos oferecem free tour através dos jazigos e vão contando as histórias das personalidades e das famílias que ali estão sepultadas.

Logo na entrada há um mapa onde é possível localizar o jazigo das pessoas. É na entrada, também, que se formam os grupos que vão junto com um guia para um free tour através das sepulturas. As pessoas mais importantes na história da Argentina estão sepultadas lá. Inimigos em vida, hoje compartilham o mesmo espaço e como disse a guia, se à noite seus fantasmas continuam com a guerra, isso ninguém sabe.

A história e Recoleta
O jazigo mais famoso, mas não o mais suntuoso, é o da família Duarte, onde está sepultada Evita Perón, sempre adornado com flores e com um monte de turistas visitando. Evita faleceu aos 33 anos de um câncer no útero. Seu corpo foi embalsamado e exposto à visitação pública até que seu cadáver foi roubado, no golpe militar que derrubou Péron, em 1955.

Foi o General Pedro Eugenio Aramburu quem liderou o golpe militar que derrubou o governo de Perón. Aramburu autoproclamou-se Presidente e exerceu o governo com mãos de ferro entre os anos de 1955 e 1958. Nesse período, a ditadura militar suspendeu vários direitos civis, perseguiu e mandou prender líderes sindicais e políticos e foi ele que fez desaparecer o corpo de Evita. Em 1970 Aramburu foi sequestrado pela organização Montoneros, julgado e executado.

Em 1971 os restos mortais do general foi sequestrado para pressionar o governo militar da época, a devolver o corpo de Eva Perón. Depois das negociações, quando o cadáver de Aramburu retornou, e a fim de evitar nova profanação, a pedido da família, foi construído um monumento e hoje o corpo do general encontra-se sob toneladas de cimento. Por ironia do destino, sua sepultura fica próxima da de Evita.

Dramas e tragédias – A história de Rufina

Rufina Cambaceres, segundo os registros do cemitério, morreu duas vezes. A jovem faleceu no dia de seu aniversário, quando completaria 19 anos. Declarada morta e sepultada, alguns dias depois sua mãe foi ao cemitério levar flores e encontrou o caixão da filha fora do lugar. Os funcionários do cemitério abriram o caixão e viram que o corpo da jovem estava fora da posição original e podiam ser vistas marcas de unhas na parte interna do caixão.

Acreditam que a jovem não havia morrido na primeira vez e teria sido enterrada em estado cataléptico, morrendo depois asfixiada dentro do próprio caixão. Que dó! A família mandou construir um mausoléu de mármore ao lado do primeiro, onde na frente, há uma escultura de Rufina abrindo uma porta. Segundo os guias locais o fantasma da jovem aparece à noite, vagando pelo cemitério, vestida de branco.

Os túmulos são diferentes dos que eu conhecia aqui no Brasil, muitos possuem uma escada em caracol que desce alguns andares e tem várias prateleiras onde são colocados os caixões, mas não são cimentados, os caixões ficam expostos nas prateleiras. Bizarro, meio desconfortável de ver, meio macabro 🙁

Quando for à Recoleta, observe as esculturas e obras de arte. O cemitério é um verdadeiro museu a céu aberto. Encaixe-se num dos tours, porque é muito interessante conhecer o espaço com as explicações e as histórias contadas pelos guias locais.

Horário de funcionamento: das 7h às 17h45