Na capital da Paraíba, o Centro Cultural São Francisco é um conjunto harmônico de história, beleza e arte.
Visitamos o Centro Cultural São Francisco em maio num bate-volta que fizemos de Natal-RN para João Pessoa, capital da Paraíba. Estávamos turistando no Nordeste.
Ângelo, nosso guia em João Pessoa, foi quem nos levou para conhecer o Centro Cultural. Visitar um local como esse, tendo como guia uma pessoa com grande conhecimento da história faz toda a diferença!
O Centro Cultural São Francisco
Localizado no Centro Histórico da cidade de João Pessoa, o Centro Cultural São Francisco é reconhecido, desde dezembro de 2007, como patrimônio nacional. O conjunto arquitetônico do Centro Cultural é formado pela Igreja de São Francisco, o Convento ou Claustro, o Adro e o Cruzeiro. É uma das obras mais representativas do barroco brasileiro do século XVIII.
Assim que se chega ao Centro Cultural São Francisco, a Igreja destaca-se ao fundo, mas em primeiro plano vemos o Cruzeiro que está na entrada do Adro. É uma grande cruz monolítica e em seu pedestal há diversas águias bicéfalas (águia com duas cabeças).
A localização do Cruzeiro na frente das igrejas servia para mostrar a força e o símbolo do cristianismo.
Ângelo nos contou que as aves com as cabeças separadas representam a união ibérica entre Portugal e Espanha, uma vez que Filipe II foi rei de Espanha a partir de 1556 e rei de Portugal, como Felipe I, a partir de 1580. A Igreja começou a ser construída em 1589 quando Portugal e Espanha estavam sob o domínio de Felipe II. Quem quiser saber mais da história do Rei Felipe II, aqui vai o link para o Portal da História, o cara era terrível!
Adro é o espaço aberto (ou fechado) que situa-se em frente ou em torno de uma Igreja, ou seja, é o nome pelo qual é conhecida a área externa (pátio) das igrejas. Nas igrejas mais antigas é comum a existência de cemitérios localizados no adro.
O adro foi construído para separar o sagrado do profano. Na Igreja de São Francisco há dois degraus para acesso ao Adro. A parte de baixo é o profano e há pessoas sepultadas ali, já no Adro não há ninguém sepultado, segundo nosso guia. Os painéis de azulejos portugueses que decoravam os muros do Adro praticamente não existem mais. Não sei se foram retirados para restauro ou se foram vandalizados.
Ainda nessa região está a Ladeira de São Francisco, primeira rua aberta em João Pessoa.
A Igreja de São Francisco
A construção da Igreja começou em 1589 e foi concluída em 1779, 190 anos depois. No alto da torre dos sinos observa-se o galo português que servia para indicar a direção dos ventos.
Antes da porta principal existe um terraço conhecido como galilé. É nessa área que os indígenas e as prostitutas ficavam quando queriam assistir a missa pois não lhes era permitido entrar na igreja para participar da missa juntos com as pessoas “de boa família”. O conjunto arquitetônico é conhecido como barroco-brasileiro ou barroco-tropical pois é estilo barroco e decorado com frutas tropicais.
A visita ao interior da Igreja é uma visita guiada, paga-se um pequeno valor de entrada (pequeno mesmo). Um guia nos leva aos vários ambientes do Centro Cultural, descrevendo detalhadamente cada um deles. A visita demora cerca de 1 hora. Estudantes e 60+ pagam meia entrada. Quem tiver disponibilidade de tempo é interessante fazer a visita guiada para conhecer a história e depois ficar mais tempo lá dentro para poder apreciar cada detalhe da Igreja.
Interior da Igreja de São Francisco
A Capela Dourada é lindíssima e impressiona pela quantidade de detalhes e pela suntuosidade do ambiente. Possui três altares, o principal é dedicado a São Francisco.
A Capela da Ordem Terceira é mais simples, mas possui um belíssimo teto onde, no centro, vemos a imagem de São Francisco envolvido por um carro de fogo.
No chão, no centro dessa mesma capela, encontra-se a entrada para a cripta funerária subterrânea. Tentei fotografar, mas como estávamos em um tour, tínhamos que andar muito rápido. 🙁 As pessoas que aparecem na foto abaixo, já saindo da Capela, são do nosso grupo e eu ficando para trás…
A sacristia da Igreja foi construída entre 1751 e 1752, também possui em seu teto um painel ricamente pintado no mesmo estilo da nave principal. Segundo nossa guia, o vermelho da imagem era obtido com tinta de pau-brasil.
Sala do Coro
Quem estava na parte de baixo, na nave da Igreja não conseguia ver o coro, onde os padres cantavam. As cadeiras da Sala do Coro são entalhadas em jacarandá, num belíssimo trabalho.
Embora houvesse avisos solicitando que não se sentassem nas cadeiras da Sala do Coro, algumas pessoas que visitavam a Igreja sentavam, num total desrespeito ao patrimônio cultural, pena! Penso que não faziam por mal, mas por desconhecimento e falta de hábito de frequentar museus…
Na Sala do Coro há uma imagem, em tamanho natural, de Jesus Cristo crucificado. Observe que nessa imagem os pés de Jesus Cristo estão separados.
O teto da Sala do Coro é impressionante! Sua pintura parece uma imagem em 3D, belíssimo!
O pátio do Claustro
Curiosidade: “Sem eira nem beira”
Aprendi isso com nossa guia local do Centro Cultural. Vocês conhecem o termo “sem eira nem beira” que antigamente era usado para dizer que uma pessoa era pobre, que não possuía condições financeiras? O termo vem desse acabamento triplo no telhado que destaquei na foto abaixo. Antigamente as casas dos mais ricos tinham um telhado triplo: a eira, a beira e a tribeira como era chamada a parte mais alta do telhado. Os mais pobres não tinham condições de fazer este telhado, então construíam somente a tribeira ficando o telhado de suas casas “sem eira nem beira”.
Museu de Arte Popular
Além dos ambientes da Igreja há no interior do Centro Cultural um Museu de Arte Popular, contendo em seu acervo peças de vários estados da Federação e um museu de arte sacra, este último não é permitido fotografar.
O que escrevi neste post é uma pequena parte da visita guiada, vimos mais que isso, não vou escrever tudo para que o post não fique extenso e cansativo e também para deixar aquele gostinho de “quero ir…” 🙂 Para quem quiser curtir mais, coloquei algumas fotos adicionais em no post Fotos do Centro Cultural São Francisco.
Visitação e outras informações
Horário de visitação
De 3ª a sábado das 9h às 16h
Domingos das 9h às 15h
contato: Centro Cultural São Francisco
Minhas impressões
Senti falta de um folheto que fosse entregue ou fosse vendido no final da visita guiada. O volume de informações é muito grande e a gente acaba perdendo muito do conteúdo. Eu não sabia se prestava atenção no que a guia nos explicava, se anotava para não esquecer, se tirava fotos ou se admirava os ambientes. Tentei fazer tudo ao mesmo tempo mas não deu muito certo.
Também penso que o espaço cultural poderia ter um lojinha e uma cafeteria que no final do passeio permitisse aos turistas comprarem lembrancinhas como livros, camisetas, imã de geladeira, estátuas de São Francisco, crucifixos, TAU Fransciscano* e todas as bugigangas que turista adora. Praticamente todas as atrações turísticas possuem uma lojinha posicionada no final da visita guiada. #FicaADica.
* O TAU franciscano atravessa oito séculos sendo usado e apreciado. É a materialização de uma intuição. Francisco de Assis é um humano que se move bem no universo dos símbolos. O que é o TAU franciscano? É Verdade, Palavra, Luz, Poder e Força da mente direcionada para um grande bem. Significa lutar e discernir o verdadeiro e o falso. É curar e vivificar. É eliminar o erro, a mentira e todo o elemento discordante que nega a paz. É unidade e reconciliação.
fonte: http://www.franciscanos.org.br
Hoje ficamos por aqui. 🙂 Se você gostou do Centro Cultural São Francisco também vai gostar de João Pessoa a capital da Paraíba, cidade que preserva seu patrimônio histórico cultural.
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